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Apresentados

O trabalho como custo variável e capital descartável

Um homem ou mulher saiem de manhã para o emprego. Antes, a labuta das tarefas domésticas a deixar cumpridas, o arranjar dos filhos, alguns a deslocação para a escola e a odisseia dos transportes públicos. Mesmo que o sol raie em todo o seu brilho, muitos levam às costas problemas por resolver ou contas para pagar. Um empurrão aqui, um ajeita para ali lá se acomodam nos autocarros. Melhor ou pior dormidos têm que estar a horas nos respectivos postos de trabalho. Este mundo que os envolve não se queda à porta do local de trabalho acompanha-os por largos períodos de tempo e agravam a sua disposição laboral. E será que o ambiente laboral é um meio de colmatar as preocupações que já têm ou ainda as vai agravar? Muitos têm chefias mal preparadas, trabalhos pouco desafiantes e perspectivas de estagnação longas. Quantos não se sentem descartáveis? Recibo verde e contractos mensais. O fim do mês tão ansiado vem com notas de impostos elevados e os montantes brutos quedam-se magrinhos. É o temp

Populismos, nacionalismos e democracia

Nos últimos tempos, muito se tem falado de populismo nos regimes chamados democráticos (normalmente exercício o direito a voto de anos a anos e liberdade de expressão condicionada).
Todos os personagens que alcancem alguma notoriedade nos media e proclamem a intenção de chegar ao poder do Estado, prometendo alterar o status quo dos respectivos regimes são alvo de ataques nos mesmos media, alertando para os perigos que podem daí advir. Ingenuamente, poderíamos pensar que vivemos numa sociedade equilibrada, a qual perante os discursos mais ou menos sonantes se poderia desvirtuar a caminho da catástrofe social, eliminando os partidos e estabelecendo uma relação directa entre os cidadãos e o seu líder. Esta forma de atacar o sistema em vigor, não poucas vezes é apelidada de fascista. Chavez (já falecido), Trump e Marie le Pen são os exemplos mais significativos, por razões diferentes. Acoplado a esta ideia o conceito de nacionalismo é também arrastado para o mesmo grupo.
Se olharmos bem para o cenário mundial, a globalização económica arrastou a ideia da criação de blocos democráticos, sujeitando, por exemplo, os países da esfera europeia para a construção de uma chamada União, não governada por eleitos mas sim por burocratas, onde assume grande importância um Banco Central a dirigir bancos centrais dos países, escapando ao controlo das instituições democráticas. Este sistema, com uma errada moeda única, tem conduzido a muitas situações de afundamente de economias, sobretudo as periféricas. A situação do bloco europeu não é famosa e tem provocado muito descontentamento entre as populações sujeitas a regimes de défices internos que acarretam elevados impostos e atrofiam essas economias. Os próprios dirigentes europeus reconhecem a necessidade de reformular as instituições europeias e seu funcionamento. Simplesmente, com o decorrer dos anos tudo continua mais ou menos na mesma. Acresce ainda o problema de conflitos no Médio Oriente que têm provocado a emigração maciça de amplos sectores da população, sem condições de vida nos seus países. O desemprego assenta arraiais entre a população nativa europeia e é fácil culpar os originários de outros países. Sem grandes saídas parte dos eleitorados começam a cansar-se de promessas vazias e irreais dos políticos, a maior parte subordinada a grandes interesses económicos e caindo na tentação de se aproveitarem do poder que detêm para construir chorudos pés de meia. Os serviços públicos degradam-se e o estado social desagrega-se em nome de uma eficiência duvidosa da iniciativa privada. O tema é vasto mas está construído o terreno fácil para quem aparecer a querer combater o modelo.
A destruição do nacionalismo pela filosofia de bloco foi construída artificialmente, esquecendo a história, a cultura e os costumes de cada país para além de alterar, significativamente os quadros jurídicos . Assim o Brexit que agora começa a caminhar é uma dor de cabeça para os burocratas de Bruxelas.
Querer comparar nacionalismo a fascismo é um exagero de retórica e só a propaganda intensa (tipo Goebells) poderá ter algum efeitos sobre aas camadas jovens que já estejam alienadas pela civilização do consumo.
Uma nova forma de democracia é necessária, com maior participação dos cidadãos, melhor escolha dos políticos e abandono do politicamente correcto para defender interesses de seita. Só assim, encurralados entre um sistema corrupto e a adesão a projectos radicais, os cidadãos se reconhecerão nos seus representantes.
Antes de condenar os populismos metam a mão na consciência, façam acto de contrição e não julguem que os seus eleitores se vão deixar afundar alegremente com a sua
oratória. A História demonstra bem que às vezes os impérios instalados têm pés e barro.

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